Língua Portuguesa: cai no vestibular?

Ouvem-se comentários de toda espécie, e um dos que mais me assustam se tornou clássico: “Não cai mais gramática no vestibular”. Que mentira!

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Há tempos andam querendo abalar o prestígio da gramática, sobretudo no que se refere ao modo como tem sido cobrada nos processos seletivos para ingresso no curso superior. Ouvem-se comentários de toda espécie, e um dos que mais me assustam se tornou clássico: “Não cai mais gramática no vestibular”. Que mentira!

Primeiro, vamos pensar no seguinte: a norma culta é um padrão que, na prática diária, nunca vamos atingir. Afinal, quem, no dia a dia, não troca um “está” por “tá”?; quem nunca comeu o “n” do gerúndio dos verbos (“voltando” por “voltano”)?; quem já exagerou nas muletas de linguagem, “tipo assim…”?! Claro que se trata de práticas não-recomendadas pelo padrão, mas absolutamente aceitas nas situações comunicativas do cotidiano. Então não é necessário mesmo saber as regras? É sim, e precisamos delas.

Os processos de interação realizados pela linguagem exigem que se observe o contexto em que essas relações se desenvolvem. Vamos simplificar: algum problema utilizar a forma “voltano” quando se está falando com um amigo? Não. Algum problema em recorrer à mesma palavra na redação da Fuvest ou numa carta endereçada ao reitor da universidade? Sim. Cada situação admite ou exige um registro linguístico diferente, e algumas delas requerem usos formais do idioma. Basta observar que, em todas as grades de correção, as bancas apontam o domínio da norma como um critério a ser avaliado. Ah, e os concursos, cobram o quê? Para encerrar o assunto, consultem as provas das seleções para ingresso em 2025 e tudo fica esclarecido. Tem muita fake news por aí…

A-Explique de que forma humor e crítica se combinam, na tirinha, para tratar do uso da inteligência artificial na sociedade contemporânea.

B-Construções adversativas e concessivas desempenham funções lógico-semânticas similares. Transforme a fala do empregador, presente no último quadro, em um período com estrutura concessiva, fazendo as alterações necessárias para que o sentido seja mantido em coerência com a tirinha.

O texto a seguir é um fragmento de uma entrevista concedida pelo escritor e ativista socioambiental Ailton Krenak à jornalista Carol Macário (UOL-RJ).

Dados estatísticos são importantes para entender que metade das pessoas que votam no Brasil acreditam em fake news. Acreditam que está tudo bem na Amazônia e que quem atrapalha são as ONGs. Eu penso: será que essas pessoas são tão ignorantes que não são capazes de ver o que está acontecendo lá?

Não, elas não são. Porque elas não querem. Elas são negacionistas. A gente não pode ser ingênuo de achar que as pessoas estão querendo uma informação para que então possam mudar de ideia.

Por isso que eu acho que a ideia de combater deveria ser questionada. Em vez de jogar pérolas para os porcos, a gente deveria descobrir as camadas resilientes da sociedade e trabalhar com elas.

Quem sabe é possível identificar, na complexa sociedade moderna, os campos de resiliência social e investir neles. Seria uma comunicação pacífica e empática, para a gente ampliar o campo do conhecimento e não perder tempo com baixaria.

A gente precisa experimentar um outro fluir da vida. Porque a própria ideia de combater é uma ideia engajada na necropolítica. Quando a gente convoca uns aos outros ao combate, nós estamos aderindo à narrativa necropolítica. Porque o combate pressupõe um vencedor e um vencido.

A ideia da expressão embate é menos violenta do que combate, porque você pode experimentar uma situação onde as ideias estão em questão. Conceitos, ideias e narrativas são embates. Quando a gente vai para esse lugar do combate, a gente já está armado até os dentes. A gente não ouve o outro e nem o outro vê. É no escuro, na treva.

Disponível em https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2023/06/05/ (Adaptado).

A-Levando-se em consideração os elementos presentes na formação da palavra “necropolítica” e os argumentos utilizados no texto, explique por que “a ideia de combater é uma ideia engajada na necropolítica”.

B-Em sua fala, Ailton Krenak utiliza a expressão “jogar pérolas para os porcos”. De acordo com o texto, a que se referem as palavras “pérolas” e “porcos”?

As questões apresentadas deixam claro que o conhecimento gramatical continua sendo alvo das questões nos vestibulares. Então é importante ter a atenção voltada para o bom funcionamento do idioma, pois isso faz toda a diferença para a qualidade da comunicação, sobretudo em se tratando de situações formais e pelas vias da escrita.

A norma culta de fato não é a única. Mas continua a ser um uso de prestígio que abre portas especialmente na vida profissional, espaço cada vez mais disputado por aqueles que, mais do que vantagens econômicas, buscam realização. A língua pode, então, se tornar um instrumento para a felicidade.

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Escrito por:

Emerson Rossetti

Professor com mais de 30 anos de experiência no ensino médio e superior. Formado em Letras, com Doutorado em Estudos Literários, desenvolve trabalhos voltados também para o estudo da MPB e da História da Arte.

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