A era que estamos vivendo é marcada pela explosão da tecnologia. Nada em nossa história mudou a sociedade e as pessoas de forma tão rápida! Sob esse ponto de vista, seria natural que tudo estivesse melhorando e nós estivéssemos satisfeitos com o resultado dessa velocidade que vem facilitando tantas oportunidades de diversão, cultura, informação e serviços. Só que não…
A grande verdade é que toda essa modernização do estilo de vida veio para ficar – não há a menor possibilidade de que as coisas façam agora o caminho inverso, pois estamos dependentes de novos hábitos e de serviços que nem são mais realizados presencialmente.

Mas até que ponto estamos sabendo lidar com as consequências advindas desse processo? Vamos tomar como exemplo as redes sociais através das quais as pessoas conversam e trocam as mais diversas mensagens. Recentemente, o espaço virou território de conflito motivado pela premiação da atriz Fernanda Torres no Globo de Ouro.
A simples postagem de imagens e felicitações levou os internautas a transformarem o episódio em assunto político. E então o mal está feito, mesmo porque nem todos têm paciência para determinados excessos: um escreve “filme”, o outro interpreta “comunismo”; um usa “prêmio”, o outro entende “anistia”; um digita “memória”, o outro compreende “golpe”; um emprega “cinema”, o outro lê “O Papai Noel é divorciado”!
Um momento: cada cidadão deste país ainda é suficientemente livre para dizer “a” quando é isso que quer dizer. Assim, “filme” é “filme”, “prêmio” é “prêmio”, “memória” é “memória” e “cinema” é “cinema”. Será que a internet está emburrecendo tanto as pessoas a ponto de terem alucinações semânticas planejadas por conspirações linguísticas?!
Pensando bem, talvez a culpa não seja mesmo da internet, mas dos impulsos descontrolados e da alegria de falar coisas que chegam a se resumir a onomatopeias: “mi mi mi”, “blá blá blá” – a que ponto chegamos da reduzida capacidade de expressão! Acho que certas “inteligências” humanas ainda estão muito artificiais… Opa! A expressão “ainda estão” pode ser perigosa. Por isso, quero deixar claro aqui que não pensei no filme. Vixe! Esse “aqui” também, nada a ver. Que medo da patrulha!